sábado, 31 de janeiro de 2015

O adeus de um anjo! cap 156

O Denny já estava com quase dois anos de idade, a Becky já se aproximava dos quatro, estava linda, era uma moça, e era um grude só com o pai dela, tirando que se interessava por tudo o que ele fazia, ela definitivamente era a fã numero um dele, se ele estivesse tocando violão, ou piano, ela sentava ao lado e ficava o encarando toda boba. Ele a fazia feliz quando a chamava para ensinar a tocar piano, e ele dizia que se começasse de pequena, no futuro ela seria uma grande pianista, e ele afirmava que ela tinha jeito.

Estávamos fazendo uma pequena reunião entre amigos em casa, no caso a casa estava lotada. Estávamos todos na sala que era enorme, mas parecia completamente sem espaço quando todos se juntavam. As crianças estavam correndo como sempre, e deixando o Bruno louco de receio de um deles cair e se machucar. Eu segurava o Denny em meu colo enquanto ele brigava contra o sono.

-Me da ele Mary, eu coloco ele para dormir!<Laísa pegou ele do meu colo>

-Obrigada minha querida!<sorri>

Procurávamos nos tratar normalmente quando estávamos com visitas em casa, e ela como sempre era super discreta, e agia como se nada estivesse acontecendo.
Ela seguiu para o quarto do Denny,  e eu me aproximei de todos que estavam engatados em um assunto qualquer.

-Sobre o que falam?<sorri>

-Nada de mais meu amor!<me puxou pela cintura me acomodando em seu colo>

-Falávamos sobre a vida de casado de vocês!<Urbana assumiu ao lado do Phil>

-Nossa vida de casados?<sorri olhando para o Bruno tentando imaginar o que ele poderia ter falado>

-Sim, como estamos felizes um com o outro, a quase quatro anos!<sorriu me puxando para um beijo>

-Que lindos!

-E deixando a cada dia que passa ainda mais quente!<disse rente ao seus lábios somente para ele>

-Ei vão para o quarto!<sorrimos e o Phil deu um tapa no braço do Bruno>

Me levantei no susto de seu colo, e senti tudo rodar ao meu redor, coloquei a mão na testa, e senti um enjoo horrível. Senti as mãos do Bruno em min ha cintura, e em seguida tudo ficou meio embaçado, mas logo voltou ao normal.

-Voçe esta bem amor?

-Claro que ela não esta!<disse Urbana se aproximando de mim>

-Esta tudo bem minha amiga!<sorri>... Eu só tive um enjoo, seguida de uma tontura!

-Um enjoo?<Phill disse sorrindo>... Sera que vem mais um herdeiro?<sorrimos>

-Sera meu amor?<Bruno sorriu todo bobo>

-Acho que não vida, mas quem sabe?<sorri>

-Quer se deitar um pouco?<Urbana me encarou, eu sabia que ela queria conversar>

-Quero sim!... Claro se voçe não se incomodar amor!

-Claro que não meu anjo!... Vai descansar!<disse e me deu um selinho, senti um pouco de falta de ar, e tossi um pouco para disfarçar o desconforto>

-Esta tudo bem?

-Esta sim!... Daqui a pouco eu volto!<sorri e segui com a Urbana para o nosso quarto>

Seguimos pelo corredor e quando passamos em frente ao quarto do Denny a Laísa saiu do mesmo, eu perguntei se ele tinha dormido, e ela me confirmou sorrindo, que foi retribuído por mim discretamente. Entramos no quarto, e logo eu fui me deitando, e respirando fundo, Ultimamente eu estava me sentindo assim não fazia praticamente nenhum esforço e parecia que tinha corrido uma maratona. 
Ja estava começando a dizer não ao meu marido na hora do sexo, por estar me sentindo muito cansada, sexo a 3 então, praticamente não acontecia mais, mas ele sempre dizia me compreender, mesmo perguntando o que estava acontecendo, e eu dizendo que estava tudo bem.
A seis meses atrás eu fui a uma consulta de rotina, e bem, parece que a vida esta querendo me pregar um a peça novamente, e sinceramente, acho que desta vez eu terei que assistir a “peça” da primeira fila. Mas eu não quero falar sobre isso agora. E talvez nem depois.

-Como voçe esta?<Urbana sentou ao meu lado na cama>

-Cada dia mais cansada!<resmunguei>

-Por que voçe não fala logo para ele, ele merece saber!

-Não quero que ele passe meses sofrendo ao meu lado Urbana!

-Me desculpa, mas ontem eu quase falei para ele, isso esta difícil demais, ver voçe assim, a cada dia mais frágil, e mais cansada!... Ele não nota?

-Nota, claro, mas eu digo a ele que a correia do dia a dia com as crianças, e tal!

-Mary, eu acho que voçe deveria procurar outro medico!

-Pra que, para ele me dizer a mesma coisa!<fechei os olhos me lembrando da ultima consulta depois de passar por exatamente sete oncologistas diferentes>... Eu sinto muito, mas ele e maligno, e esta em fase terminal!<repeti>

-Isso não e possível!<disse começando a chorar>

-Não fica assim minha amiga, uma hora isso iria acontecer…

-Sim, mas daqui a sei la, 30, 40 anos!... Ai Mary, eu não me conformo!

-Estou tentando ficar o mais forte possível, mas tem horas que dói tanto, que eu preciso me levantar de madrugada para chorar sozinha em algum canto da casa!

-Mais alguém sabe?

-Só voçe!

-A quanto tempo voçe sabe?

-2 meses!

-E só me contou a uma semana?

-O medico me deu 3 meses…

-E medico no Brasil te deu seis, e voçe viveu por mais 4 anos…

-Foi o doutor Michel!<disse e ela intensificou o choro, e eu puxei o ar com mais força quando senti a uma forte falta dele>

-Esta tudo bem?

-Esta!

-Eu te odeio!... Não quero que…

-Infelizmente estou me sentindo a cada dia mais fraca, mas a minha aparência esta boa!<me levantei indo ate a porta que dava para o jardim>

-E isso que não me conforma!<disse e eu coloquei a mão no peito tossindo um pouco mais>... Fico pensando nas crianças!

-Elas estão bem, ficarão muito bem, elas tem um pai incrível, terão a Laísa, voçe, não?

-Claro que sim!<se levantou e veio ate mim>... Queria tanto voçe conhecesse!<segurou as minhas mãos as levando ate a sua barriga me fazendo sorrir surpresa>

-Voçe esta gravida minha amiga?

-Estou, descobri ontem, dois meses, ainda nem contei a ninguém!

-Obrigada por me dar a honra de ser a primeira a saber!

-Voçe sera para sempre a minha melhor amiga, e a primeira pessoa a saber de tudo, por que eu me renderei ao solo, e em forma de prece lhe contarei as minhas derrotas, e vitorias!<disse me abraçando>

-Eu te amo!

-Morrerei de saudades!<disse respirando fundo>... Mas eu sei que isso ainda não acontecera!

-Não, voçe ainda vai me aturar muito!<sorri>

-Quero que voçe seja a madrinha do meu bebe!

-Eu serei!


Depois de recomposta, ela voltou para a sala, e eu disse que ficaria um pouco mais, estava me sentindo cansada demais, e a falta do ar estava me deixando sonolenta, afinal tinha que respirar devagar, e tentar não fazer movimentos bruscos. 
Por ali eu fiquei ate ouvir a porta se abrir devagar, olhei para o lado, e vi a minha princesa entrando no quarto, e fechando a porta devagar, subiu na cama com um pouco de dificuldade por ela ser alta. Sempre impliquei com o Bruno por que ele queria trocar a cama por uma mais baixa para que ela pudesse subir a vontade, e eu sempre dizia que uma hora ela teria transpor os seus próprios obstaculo, e que se estivesse muito difícil, ela que pegasse um banco e o transpusesse. Os nossos filhos tinham que ser independentes, e não apegados a facilidades.



Ela estava linda, crescendo tão rápido, ela tinha os olhos do pai, do verdadeiro pai, ela era muito parecida comigo, mas definitivamente os seus olhos azuis profundos o denunciavam. Eu ja sabia quem era o pai dela só de olhar, mas eu sei que mais ninguém sabia.
Ela olhou dentro dos meus olhos beijou a minha testa, e sorriu passando a mãozinha no meu cabelo.

-Esta dodói mamãe?<sorri pois era raro ela me chamar de mamãe, era sempre de Mai>

-Não meu amor!... Mamãe só esta cansada!

-Vai dormir?

-Sim amor!<ela já falava muito bem, e nem se enrolava mais nas palavras>... Mamãe esta cansada, quer dormir comigo?

-Quero!<disse se acomodando ao meu lado>

Ela olhou para mim, analisando como eu estava deitada, tentando copiar a minha posição que era de barriga para sima, com a as mãos sobre a barriga, e assim que conseguiu me copiar, ela fechou os olhinhos. Eu virei o meu rosto para ela e sorri. Eu sei que os meus filhos sentiriam a minha falta, mas eu sei que o Bruno saberia encontrar uma pessoa que pudesse ama-lo, assim como eles os ama.
Não sei por quanto tempo eu dormir, mas sei que quando acordei estava tudo no mais completo escuro, ela não estava mais ao meu lado, e no seu lugar estava o Bruno. Sorri ao ver os seus olhos me encarando, ele arqueou a sobrancelha, e depositou um beijo suave em meus lábios.

-Olha quem acordou!<sorriu>

-Que horas são

-Mais de dez da noite!

-O que e isso?<olhei surpresa para a janela>

-Chuva, esta caindo o mundo em Los Angeles!



-Nossa dormi muito!

-Dormiu o final da tarde toda, e boa parte da noite, acho que agora ficara acordada não e?<sorriu. Abri a boca para falar e senti uma pontada forte que me fez perder a fala>... Esta tudo bem amor?<perguntou preocupado, e eu senti a dor aliviar>

-Estou!<sorri>

-O que houve?

-Um enjoo forte!<menti>

-Sera que realmente vem mais um bebe por ai?<eu somente sorri, sabia que não era>

-Eu te amo muito, voçe e, foi, e sempre sera o amor da minha vida!<disse e puxei um pouco do ar>... Eu nunca, nunca, nunca vou te deixar, sempre estarei ao seu lado, sempre serei a sua companheira…

-E claro que sim minha vida, morreremos bem velhinhos, de mãos dadas!<sorriu>

-Impossível, eu sou mais muito mais nova do que voçe!<sorrimos>

-Verdade!<disse e eu tossi puxando o ar com força novamente>

-Tem certeza que sta tudo bem Mary, esta com falta de ar?

-Não se preocupe, eu só tossi muito forte!... Acho que vou ficar gripada!<sorri sem humor>

-Eu vou cuidar de voçe!<passou a mão no meu rosto, e eu sorri fechando os olhos>

-Preciso ir ao banheiro meu amor!... Estou muito enjoada!<me levantei devagar, e fui ate o meso>

-Qualquer coisa me chama!

-Chamo!



Entrei no banheiro encostando a porta, desta vez eu estava realmente enjoada, o meu estomago dava voltas e voltas, parecia que estava em uma montanha russa sem fim. Abri a tampa do sanitário, e apoiei as mão na borda quando senti que iria vomitar. Fechei os olhos, e apenas senti o fluxo sair pela minha boca me deixado ainda mais sem ar. Abri os olhos quando senti que ja tinha colocado tudo para fora, e quase gritei com o que vi. Sangue, muito sangue, no vaso, na tampa, no chão, tudo de branco ficou vermelho. Olhei no espelho e vi o meu rosto pálido, e os meus olhos inexpressivos, senti uma dor forte nas costas que me fez ir ao solo.

-Bruno!<minha voz quase não saia>... Amor, amor!

Como estava próximo a porta, ao invés de perder as forças o gritando, eu preferi me arrastar ate a mesma e tentar puxar a porta que estava encostada. Os meus dedos tocaram na madeira, e eu consegui puxa-la um pouco. O meu corpo estava fraco devido a dor que sentia, os meus olhos estavam pesados, e eu estava com muito sono mesmo tendo acabado de acordar. A minha garganta parecia se fechar, a cabeça rodava, e eu sentia um mal estar agonizante.

-Bru…

Ele virou o rosto para o meu lado, e os seus olhos quase saltaram de sua orbita ocular, quando me viu no chão. Senti um alivio estranho quando vi que ele havia me notado ali, e simplesmente fechei os olhos o esperando vir ao meu encontro, fato este que não demorou muito.

-Amor o que… MEU DEUS, O QUE ESTA ACONTECENDO!

Sentia as suas mãos me tocarem , mas eu já não tinha mais forças para responder, eu só consegui abrir os olhos, e me desesperar com a sua expressão de dor e confusão. A dor era tanta que eu não consegui me manifestar de outra forma, a não ser em choro. Eu sentia que estava perdendo a batalha, que eu estava perdendo tudo o que tinha conquistado ate agora. Parecia que tudo estava em câmera lenta. 
Sabe quando dizem que na hora da morte a sua vida passa como um filme em sua cabeça? Eu acho que estava morrendo, por que eu lembro de ter visto os meus pais, a dor do estupro, da traição, do medo, da violência, do carcere, a alegria de conhecer novos olhos, o amor de mãe, de mulher, de marido, o choro dos anjos. Os beijos e abraços, sorrisos e lagrimas, tudo parecia passar rapidamente pelos meus olhos, enquanto eu via o Bruno sair pela porta apressadamente, e logo em seguida voltar correndo com um celular em mãos, e a Laísa ao seu lado. Ela se ajoelhou ao meu lado em prantos, eu não ouvia mais nada, mal conseguia ver um borrão em minha frente.
Senti o meu corpo ser levantado do chão e em seguida, o corredor de casa passar rapidamente pelos meus olhos. Sentia algo quente escorrendo pelo meu rosto, mas o meu corpo parecia paralisado, e eu não conseguia me mover.

Bruno on


Me assustei ao ve-la caída na porta do banheiro, com os olhos cheios de dor, e quando me aproximei vi que ela estava com a boca cheia de sangue, senti o meu corpo paralisar diante da sua imagem. Toquei em seu rosto a chamando tentando faze-la abrir os olhos, mas ela parecia não me ouvir. Senti uma angustia quando ela abriu os olhos novamente, ela só chorava, e eu estava desesperado. Olhei ao meu redor, e antes de qualquer coisa eu precisava ligar para a ambulância, mas eu não achei o meu celular no quarto, me lembrei de te-lo deixado na sala, e sai correndo do quarto para pega-lo.

-O que esta acontecendo Bruno?<ouvi a voz da Laísa enquanto eu voltava correndo para o quarto>

-A minha mulher não esta bem!<disse sentindo os emus olhos marejarem, eu não poderia nem imaginar o que ela tinha>

Liguei para a ambulância, mas eles disseram que iria demorar, e eu não poderia esperar que isso acontecesse. Olhei para o lado e a Laísa estava no chão ao lado da Mary chorando desesperadamente, e eu não me contive, me bateu um medo desesperador de perder a minha mulher, ela não podia me deixar.

-Eu vou leva-la para o hospital!

-Eu vou chamar o Dre para dirigir!<me abaixei a pegando no colo, e sai pela casa o mais rápido possível>

Por sorte quando cheguei na sala o Dre já estava saindo pela porta para buscar o carro, a Laísa veio com um pano, e limpou o seu rosto completamente sujo com o sangue que estava escorrendo da sua boca.

-O que esta acontecendo Bruno?<me olhou desesperada>

-Eu não sei, eu não sei!

Me desesperei sentindo as minhas pernas fraquejarem, me fazendo cair de joelho no chão com a minha mulher em meus braços. Eu estava em prantos não sabia o que estava acontecendo, e a unica coisa que passava pela minha cabeça era: “Eu vou perder a minha mulher”
O Dre parou com o carro a nossa frente, e saiu em seguida a pegando dos meus braços, e a colocando no banco de trás.

-Laísa fica com os meus filhos, por favor!

-Me liga pelo amor de Deus!<ouvi ela pedir enquanto eu entrava no carro acomodando a sua cabeça em meu colo>

O Dre saiu cantando pneu, eu nunca tinha visto ele dirigir tão rápido em toda a minha vida, ainda mais com a chuva que estava caindo. Por sorte o transito estava ajudando, e ate que as pistas estavam bem livres para as onze da noite.
Olhei para o seu rosto, e ela estava com os olhos fechados em uma expressão de dor que partiu o meu coração, senti as minhas lagrimas se intensificarem quando ela abriu os olhos, e vi que eles não tinham mais o seu brilho, eles estavam úmidos, e sem vida. Ela respirava muito fraco, e eu vs o seu peito se mexer como espasmos, e não como uma respiração controlada, e isso estava me deixando em desespero.

-Amor, olha pra mim  pelo amor de Deus, fica comigo, não me deixa!<pedi segurando em seu rosto aproximando as nossas testas>... Eu não vou conseguir sem voçe, eu não vou conseguir Mary!<as minhas lagrimas molharam o seu rosto, e eu vi as suas escorrerem de seus olhos>... Eu te amo, voçe e a mulher da minha vida, eu te amo mais do que tudo!<acariciei o seu rosto, e vi um sorriso brotar de seus lábios>

-Eu… Te… Amo!<apenas moveu os lábios, não ouvi a sua voz>

Ela simplesmente fechou os olhos, e eu senti um desespero enorme quando ela tombou a cabeça para o lado em meus braços, coloquei a mão em sima do seu peito, e consegui sentir o seu ultimo suspiro.

-MARIANE!

Um grito alto de dor saiu dos meus pulmões, ela tinha me deixado. Como? Por que? Como isso aconteceu? Senti os olhos do Dre em minha direção pelo retrovisor, e eu não estava nem ai por ele estar me vendo chorar, eu tinha acabado de perder a minha mulher, ela tinha acabado de dar o ultimo suspiro em meus braços. 
Elevei o olhar ate o seu no retrovisor, e ele estava com os olhos vermelhos, e eu vi um lagrima escorrer deles, o que me deixou ainda pior. 
Pensei em pedir para ele parar o carro, afinal não tínhamos mais o que fazer no hospital, ela já tinha me deixado, mas eu preferi deixar que ele seguisse o caminho, seria melhor assim.
Eu acariciava o seu rosto, e me lastimava internamente, em uma acusação só minha, eu não sabia o que a minha mulher teve para ter uma morte aparentemente tão dolorida, pois em todo momento eu vi a dor em seus olhos, o medo, a agonia. Encostei a minha testa na sua e simplesmente me deixei chorar, me deixei sentir a minha dor junto ao seu corpo.

Não vi quando chegamos, não vi nem quando ele saiu do carro, só elevei o rosto quando a porta do carona se abriu, e eu vi o Doutor Michel, o seu oncologista quando ela estava doente, ele estava com a mão na porta do carro, e olhava para ela com a a mão no rosto. Ela era muito querida por ele, por todos que as cercavam.

-Ela me deixou!<disse e segurei um soluço>... Ela morreu nos meus braços!

-Eu sinto muito!... Vou contactar ao IML, e eles virão fazer a remoção dela!

Quando ele disse isso eu a abracei ainda mais contra mim, já sentindo o eu corpo levemente resfriar, já sem vida, sem luz, sem alma, ela começava a empalidecer, era tão ruim não sentir a sua respiração, o seu coração bater, os seus olhos de menina me encararem com o sorriso mais lindo deste mundo no rosto.

Depois de mais algum tempo, sem que eu a largasse um so minutos, vi a porta se abrir novamente, e alguns homens me darem as condolências pela minha perda, eu apenas fechei os olhos sentindo a dor daquelas palavras baterem no meu peito. Vi o corpo da minha mulher ser retirado dos meus braços, e ser colocado em uma maca, e sendo coberto com um  lençol branco. Acho que eles tiveram um pouco de do de mim, pois eu tinha certeza que eles a colocariam dentro daquele saco escuro, e se isso acontecesse eu não iria suportar.

Andei calmamente ao lado do Dre pelo corredor do IML, eu estava sem condições de fazer ate a entrada do seu corpo na recepção, e vendo o meu estado, acho que eles decidiram deixar isso para depois. Pedi ao Dre para ligar para casa, eu não iria conseguir falar nada, só de pensar em abrir a boca para falar alguma coisa, já sentia a minha voz falhar.

-Alo!<ele disse assim que alguém em casa atendeu, provavelmente a Laísa>

-(...)

-Eu… Eu sinto muito!<disse de forma falha, e senti o meu peito doer mediante a tudo>

-(...)

-Não, infelizmente não estou mentindo!<disse saindo da sala ao me ver entrar em prantos novamente>

Sabe quando a dor e tanta, e por mais que voçe chore, não consegue fazer com que ela pare? Quando voçe se sente sozinho, e sente que a terra vai simplesmente se abrir e te engolir por inteiro sem do e nem piedade? Eu sentia o meu corpo mole como se fizesse dias que eu não dormisse,  parecia que eu estava anestesiado, parecia que a anestesia tinha deixado o meu corpo todo paralisado, e a unica coisa que não tinha sido anestesiada, era a dor que eu estava sentindo.



-Senhor Mars?<ouvi a voz suave de uma mulher me chamar, e eu a olhei sem falar nada>... Quer vela novamente, pela ultima vez?<disse com pesar, e eu fechei os olhos balançando a cabeça muito devagar>... Venha comigo ate o necrotério!



Segui a mulher que entrou por alguns corredores, e portas. Aquele lugar cheirava a morte, cheirava a dor, a cada porta era uma sensação diferente, uma dor diferente, uma agonia diferente.
Entramos em uma sala, ela ainda estava sozinha, o seu corpo estava sobre uma pedra de mármore, tendo apenas um lençol branco ao seu redor ate a altura dos seios. Me aproximei com a mão no peito, ele já doía mesmo antes de qualquer coisa se dita. o seu rosto estava ainda mais pálido, a sua pele mais fria, e o seu rosto estava totalmente limpo. Aquela expressão de dor tinha sumido, e dado lugar a… Nada.

-Voçe mentiu pra mim, disse que nunca iria me deixar, e olha o que voçe acabou de fazer?<respirei fundo sentindo as lagrimas escorrerem>... Eu acreditei em voçe, eu pensei que nada jamais nos destruiria, que nada seria capaz de nos separar!... Tinha acabado de falar que morreríamos velhinhos, e voçe disse que nunca jamais iria embora!... Volta pra mim, volta?... Seja minha novamente, diga que me ama, e que nunca vai me deixar!<a abracei sentindo a sua pele gelada>... E agora?... Como vou ficar sem voçe, nossos filhos?<respirei fundo tentando me controlar>... Sabe do que acabei de me lembrar?<passei a mão no seu rosto sem vida>... De como voçe estava linda no nosso casamento, estava radiante, e esbanjava saúde, estava a noiva mais linda do mundo, e era minha, so minha!... Me senti o cara mais sortudo do mundo quando te vi no altar a minha espera, fazendo diferente, fazendo a diferença do seu jeito, da forma mais linda, e tão sua!... Queria poder voltar no tempo, e reviver todas estas alegrias com voçe, o nosso casamento, o nascimento dos nossos filhos, a construção do nosso lar!

-Desculpe senhor, mas precisamos preparar o corpo!<apenas acenei que sim com a cabeça>

-Eu te amo Mariane Almeida Hernandez!<disse beijando a sua testa>... Voçe nunca mais vai dizer que me ama mais!

Baixei a cabeça e mesmo a contragosto, sai do local seguindo o caminho de volta ate onde estava antes. 
Em momento algum eu conseguia secar as lagrimas, e impedir que elas caíssem ainda mais. Não sei descrever a minha dor, o que eu estava sentindo, não sei dizer absolutamente nada, a minha cabeça, e o meu coração era algo indecifrável no momento, e tudo o que eu queria era acordar, acordar deste pesadelo.
Cheguei onde estava antes e mesmo antes de entrar na sala, do lado de fora eu ouvi a voz, e os soluços da Urbana, ela estava inconsolável, e eu imagino a sua dor. Entrei ainda de cabeça baixa, e um silencio mórbido tomou a sala, levantei a cabeça encarando cada rosto conhecido. 
Phil, Urbana, Cindiah, meu irmão, minhas irmãs, Dwayne, Javoni, Ingrid que estava desolada, foi a primeira a vir ate mim, me abraçando forte, choramos juntos a nossa terrível perda, mais uma para a minha vida. Senti vários braços ao nosso redor, vários choros abafados, e alguns contidos, e ficamos ali, apenas abraçados com a nossa dor.



O meu quarto nunca pareceu ser tão vazio, o céu nunca pareceu tão escuro, o dia nublado e chuvoso da manha seguinte, estava me deixando ainda pior. Por que o dia não poderia ser de sol, ao menos para me lembrar de como era o seu sorriso quando ele era direcionado a mim.
Me olhei no espelho, e a aquela roupa preta nunca tinha caído tão mal em mim, eu gostava dela, mas neste momento preferia não te-la em meu closet. Olhei ao redor e as suas coisas espalhadas pelo quarto incrivelmente o deixavam ainda mais vazio, o deixavam ainda mais triste.

-Papai!<ouvi o meu anjo me chamar>

-Oi minha princesa?<fechei os olhos respirando fundo>

-To bonita?<sorri me virando para ela>


Vestido de Festa Infantil   Pretinho básico para as meninas

-Linda, extremamente linda, como uma princesa!

-Não gosto desta cor!<reclamou do vestido escuro>

-Também não gosto meu amor, mas hoje nos precisamos usar…

-Por que?<a peguei no colo sentando na cama>... Voçe ta triste pela mamãe?

-Estou meu amor!

-O tio Eric disse que agora ela e uma estrela, estrelinhas são bonitas, e são alegres, então não precisamos ficar tão tristes!<passou a mão no meu rosto, e eu senti os meus olhos arderem. Criança.>

-Mas o papai esta triste!

-Eu sei!... A mamãe me disse para te pedir para não chorar!<me deu um beijo no rosto>

-Quando?<a encarei>

-Não sei, eu acordei e era de noite ainda, e ela estava sentada na minha cama, ela me disse para te dizer que não precisa chorar, e que ela vai estar aqui!

-Quando isso meu amor?

-Esta noite!

-Obrigado amor!<senti o meu peito apertar ainda mais, e abracei a minha menina>

Eu sabia que mesmo longe ela estaria cuidando de todos nos, mas sinceramente, eu preferia que ela estivesse aqui conosco. 
Me levantei com a minha princesa no colo, e seguimos para a sala, onde a Laísa estava com o Danny nos braços, ela chorava baixinho, assim como a Ingrid que estava sentada no sofá nas mesmas condições.
Sem precisar dizer nenhuma palavra saímos de casa e seguimos para o carro iriamos o velório. 
O velório seria extremamente curto, ja que ela faleceu por falência doa pulmões devido ao maldito câncer que tinha voltado afetando o sistema respiratório. Este câncer ela maligno, e não tinha cura, e alem do mais quando foi diagnosticado, ele já estava em fase terminal, não tínhamos como trata-la mais. Esta maldita doença tanto fez, que conseguiu tirar a minha mulher de mim.

Pensei em não levar os nossos filhos, mas acho que eles mereciam se despedir pela ultima vez da mãe deles, eu sei que seria duro, mas era melhor no velório, do que no funeral.
Chegamos onde seria o velório, e estranhamente tinha bastante gente, eu não sei como vazou a noticia, mas tinham muitos fotógrafos, e muitas pessoas que eu nem imaginava que poderiam aparecer. Tentei proteger a minha filha a abraçando contra o meu corpo, e colocando o seu rosto em meus pescoço, e a Laísa fez o mesmo com o Denny, acompanhados pelo Dre, tentamos entrar o mais rápido possível.

-Bruno como voçe esta se sentindo com a perda precoce da sua esposa?<um paparazzi perguntou, e eu me mantive em silencio>

-Papai!<Becky se agarrou ainda mais ao meu pescoço>

-Bruno, ela também e sua filha, pensamos que era so o menino?

-Por favor esta não e a hora, e nem o momento, respeitem a dor da família!<Dre disse alto e grave>

Conseguimos entrar no local do velório, e mesmo estando cheio, eu só vi rostos conhecidos, porem dois rostos me fizeram gelar da cabeça aos pés. Justin Timberlake, e Paul Henderson. 
Eu pensei em dar meia volta com a minha filha e sair sem ser notado, mas infelizmente eles pareceram sentir o nosso cheiro, e rapidamente eu vi os dois vindo ao meu encontro.


  • A vida tem um inicio um meio e um fim, infelizmente não podemos viver para sempre, esta e a lei natural dos homens, e a lei natural de Deus, da natureza.
  • Eu sei que muitas podem me odiar por este cap, assim como pode não acontecer. O fato e, a fic, para mim e como a realidade, e todos nos estamos aqui de passagem, e uma hora todos teremos que partir, pode ser daqui a 50 anos, ou a 50 minutos. Ninguém manda no relógio da vida.
  • Sim, ela merecia ser feliz ao lado do seu grande amor, mas como nem toda historia de amor e perfeita, nem sempre o felizes para sempre acontece, e neste caso o felizes para sempre não foi possível. Mas eles permanecerão se amando pela eternidade.
  • Respeitarei a decisão de cada um, em continuar a me acompanhar, ou não depois deste capitulo. Espero que sim pois ainda tem muita coisa para acontecer.

Um comentário:

  1. Uau... realmente não esperava por isso... mas se vc preferiu assim tenho ctz que tem bons motivos... e história para contar ainda..
    Triste... mas feliz por ainda ter mais por vir..
    Bjuss

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